IBS e CBS: O Que São e Quando Começam a Valer os Impostos da Reforma Tributária?

Nova reforma tributária: entenda as regras que unificam cinco impostos em apenas dois. Sistema será implementado em 2026, com fase inicial sem cobrança.

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Por RichDaily

9/15/20257 min read

Se você é empresário, contador, ou simplesmente alguém que se preocupa com o futuro dos impostos no Brasil, precisa entender o que está chegando: a maior mudança tributária da história do país. IBS e CBS não são apenas siglas complicadas - eles vão revolucionar a forma como pagamos impostos no Brasil a partir de 2026.

E não, você não vai conseguir escapar disso. O novo modelo de tributação sobre o consumo passará por um período de testes e transição a partir de 2026, com a fase teste iniciando em janeiro de 2026 e indo até dezembro do mesmo ano.

Mas aqui está o que ninguém está te contando direito: essa mudança vai impactar diretamente o seu bolso, seu negócio, e até mesmo aquele cafezinho que você toma todo dia. Vamos descomplicar essa bagunça tributária e te mostrar exatamente o que esperar nos próximos anos.

Prepare-se, porque o Brasil tributário que você conhece está com os dias contados.

O Que Diabos São IBS e CBS

Vamos começar pelo básico, porque essa sopa de letrinhas confunde até contador experiente. A Reforma Tributária está introduzindo três novos tributos no Brasil: o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que substitui o ICMS e ISS; a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), que substitui o PIS e Cofins.

Traduzindo: em vez de ter ICMS (estadual), ISS (municipal), PIS e COFINS (federais) - quatro impostos diferentes, com regras diferentes, alíquotas diferentes, e uma burocracia infernal - vamos ter apenas dois: IBS e CBS.

O IBS é o "novo ICMS turbinado". Ele vai unificar a tributação estadual e municipal sobre consumo. Significa que não vai mais ter aquela confusão de pagar ICMS para o estado e ISS para a cidade. Tudo vira uma coisa só.

A CBS é a "nova COFINS e PIS juntos". Em vez de calcular dois impostos federais separados sobre o faturamento, vai ser um só. Parece simples, né? Bem, a implementação é que vai ser interessante.

O grande barato dessa reforma é que ambos funcionam no sistema de "não cumulatividade plena". Isso significa que você pode descontar integralmente os impostos que pagou na compra quando for vender. É como um IVA (Imposto sobre Valor Agregado) europeu, mas à brasileira.

O Cronograma Que Vai Virar Sua Vida de Cabeça Para Baixo

A alteração completa do sistema tributário nacional só se dará em 2033, quando serão definitivamente extintos os atuais ICMS e ISS. Mas não pense que vai ser de uma hora para outra. O governo criou um cronograma de transição que vai durar 8 anos. Oito anos!

2026: O Ano do "Quase" A fase teste iniciará em janeiro/2026 e vai até dezembro do mesmo ano, com a cobrança de CBS e de IBS às alíquotas de 0,9% e 0,1%, respectivamente. Mas calma - os valores recolhidos poderão ser compensados com os demais tributos federais. Ou seja, você paga, mas pode abater de outros impostos. É como um "teste drive" tributário.

2027-2028: Começa a Ficar Sério A partir de 2027, o IBS e CBS começam a valer "de verdade", mas ainda com alíquotas reduzidas. Os tributos antigos continuam existindo, mas com alíquotas menores. É a famosa "transição suave" - suave para quem não precisa lidar com dois sistemas tributários ao mesmo tempo.

2029-2032: A Grande Migração A eliminação definitiva desses tributos será realizada de forma gradual e progressiva, a partir de 2029 até 2032. Cada ano os tributos antigos vão perdendo força e os novos ganhando. É como trocar o pneu do carro com ele andando.

2033: O Novo Brasil Tributário Em 2033, ICMS, ISS, PIS e COFINS deixam oficialmente de existir. Só sobram IBS, CBS e mais alguns tributos. Teoricamente, tudo fica mais simples. Na prática, vamos ver.

Por Que Essa Mudança Está Acontecendo Agora

O sistema tributário brasileiro é uma aberração. Sério. Temos mais de 60 tributos diferentes, com regras que mudam de estado para estado, de cidade para cidade. É um emaranhado que custa bilhões em compliance e afasta investimentos.

O ICMS é o campeão da complicação. Cada estado tem suas regras, suas alíquotas, seus benefícios fiscais. Uma empresa que vende para todo o Brasil precisa conhecer 27 legislações diferentes. É insanidade pura.

O PIS e COFINS também são problemáticos. O sistema de cumulatividade parcial criava distorções enormes na economia. Algumas empresas pagavam mais impostos que outras só por causa da estrutura tributária, não por serem menos eficientes.

A reforma promete resolver isso criando um sistema único, com regras nacionais padronizadas, e não cumulatividade total. Na teoria, vai reduzir custos administrativos, aumentar a competitividade, e tornar o Brasil mais atrativo para investimentos.

Na prática, estamos trocando um sistema ruim que conhecemos por um sistema bom que ainda não sabemos se funciona.

O Que Muda Para Empresas e Empreendedores

Se você tem empresa, prepare-se para uma revolução administrativa. Persistem lacunas regulatórias relacionadas à apuração, fiscalização e cobrança desses tributos. Ou seja, mesmo com a lei aprovada, ainda tem muita coisa para ser definida.

Para Pequenas Empresas O Simples Nacional vai continuar existindo, mas vai passar por adaptações. A boa notícia é que a simplificação geral pode reduzir custos de compliance. A má notícia é que você vai precisar reaprender tudo sobre tributação.

Para Médias e Grandes Empresas A mudança vai ser mais dramática. Sistemas de ERP vão precisar ser adaptados. Departamentos fiscais vão precisar ser retreinados. E nos primeiros anos, você vai ter que lidar com dois sistemas tributários funcionando em paralelo.

Para Prestadores de Serviços A unificação do ISS com o ICMS no IBS pode ser vantajosa. Não vai mais ter aquela confusão de onde recolher imposto quando o serviço é prestado em cidade diferente da sede da empresa.

Para E-commerce Essa turma pode ser a grande beneficiada. O fim da "guerra fiscal" entre estados vai simplificar muito as operações interestaduais. Não vai mais ter aquela loucura de calcular ICMS diferente para cada estado.

O Impacto No Seu Bolso Como Consumidor

A pergunta que não quer calar: vou pagar mais ou menos imposto? A resposta honesta é: depende do que você consome.

A reforma foi desenhada para ser "neutra em arrecadação". Isso significa que, teoricamente, o governo vai arrecadar a mesma coisa, só de forma mais eficiente. Mas na prática, alguns produtos vão ficar mais caros e outros mais baratos.

Produtos que podem ficar mais baratos:

  • Produtos industrializados em geral (devido à não cumulatividade)

  • Serviços de alta complexidade (consultoria, tecnologia)

  • Produtos exportados (desoneração total)

Produtos que podem ficar mais caros:

  • Alguns serviços básicos (que antes tinham ISS baixo)

  • Produtos com muitos benefícios fiscais atuais

O Imposto Seletivo: Além do IBS e CBS, vem aí o Imposto Seletivo - o "imposto do pecado". Vai incidir sobre produtos que fazem mal à saúde ou ao meio ambiente: cigarro, bebidas alcoólicas, carros, bebidas açucaradas. Esses produtos vão ficar mais caros, sem dúvida.

Os Maiores Desafios da Implementação

Não se iluda achando que vai ser uma transição tranquila. Mudar um sistema tributário inteiro é complicado em qualquer lugar do mundo. No Brasil, com nossa criatividade para complicar as coisas, pode ser épico.

Desafio Tecnológico Todos os sistemas informatizados do país vão precisar ser adaptados. Receita Federal, Secretarias de Fazenda estaduais, prefeituras, empresas - todo mundo vai ter que mexer nos sistemas. E sabemos como são essas implementações tecnológicas governamentais...

Desafio da Capacitação Contadores, auditores fiscais, empresários - todo mundo vai precisar aprender o novo sistema. A demanda por cursos e consultorias especializadas vai ser enorme. Quem se preparar primeiro vai ter vantagem competitiva.

Desafio Político Estados e municípios vão perder autonomia tributária. Não vai mais ter "jeitinho" fiscal para atrair empresas. Alguns entes federativos podem resistir à implementação, criando conflitos políticos e jurídicos.

Desafio da Transição Durante os anos de transição, empresas vão ter que lidar com dois sistemas tributários ao mesmo tempo. Vai ser um pesadelo operacional. E se algo der errado, vai ser difícil voltar atrás.

Como Se Preparar Para a Nova Era Tributária

A preparação tem que começar agora. Não dá para esperar 2026 chegar e torcer para dar tudo certo. Aqui vai um plano de ação prático:

Para Empresários:

  1. Mapeie os impostos que sua empresa paga hoje e como eles vão ser afetados

  2. Avalie se seus sistemas informatizados precisam de upgrade

  3. Capacite sua equipe fiscal ou contrate consultoria especializada

  4. Acompanhe a regulamentação específica do seu setor

Para Profissionais Contábeis:

  1. Invista pesado em capacitação sobre o novo sistema

  2. Estude as mudanças específicas para seus clientes

  3. Prepare-se para uma demanda enorme por consultoria durante a transição

  4. Considere se especializar em algum aspecto específico da reforma

Para Investidores:

  1. Identifique setores que podem ser beneficiados ou prejudicados

  2. Avalie como a mudança pode afetar suas empresas investidas

  3. Fique atento às oportunidades em tecnologia fiscal e consultoria

O Que Esperar dos Próximos Anos

Durante 2028, o governo federal realizará uma avaliação de impacto da arrecadação tributária, com base nos dados consolidados do ano anterior (2027). Isso significa que ajustes podem ser feitos no meio do caminho.

Nos primeiros anos, espere muita confusão, mudanças de regras, e interpretações conflitantes. É normal em qualquer reforma tributária grande. A Argentina levou anos para estabilizar seu IVA. A Índia teve problemas sérios com seu GST nos primeiros anos.

Mas no longo prazo, se tudo der certo, o Brasil pode ter finalmente um sistema tributário decente. Menos burocracia, mais competitividade, economia mais dinâmica. É uma aposta alta, mas com potencial de transformar o país.

A grande questão é: o governo vai conseguir implementar isso direito? A classe política vai resistir à perda de poder? O setor privado vai se adaptar a tempo?

Conclusão: A Revolução Tributária Chegou

Querendo ou não, a mudança vai acontecer. A Lei Complementar nº 214, de 16 de janeiro de 2025, já institui o Imposto sobre Bens e Serviços - IBS, a Contribuição sobre Bens e Serviços - CBS e o Imposto Seletivo. Não é mais questão de "se", mas de "como" vai ser implementada.

Para empresários, é hora de se preparar. Para investidores, é hora de identificar oportunidades. Para consumidores, é hora de entender como isso vai afetar seu orçamento familiar.

O Brasil tributário de 2033 vai ser muito diferente do de hoje. Pode ser melhor, pode ser pior, mas certamente será diferente. A única certeza é que quem se preparar melhor vai se adaptar mais rápido e ter vantagem competitiva.

A pergunta é: você vai ser protagonista dessa transformação ou vai ser apenas espectador?

Os próximos oito anos vão definir não só como pagamos impostos no Brasil, mas como nossa economia funciona. É a maior reforma estrutural em décadas. E você tem um lugar garantizado nessa história - resta saber se vai ser como vencedor ou como vítima das circunstâncias.

A revolução tributária começou. Sua preparação também deveria.