Fortes quedas do Peso e da Bolsa argentina refletem a reação do mercado à derrota do governo em votação crucial, elevando preocupações com a agenda econômica.

O Bradesco BBI passou a considerar a derrota do governo nas eleições de outubro como seu cenário mais provável. Por RichDaily!

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Nayara Lima

9/8/20252 min read

Contexto político que abala os mercados

A recente derrota do partido do presidente Javier Milei nas eleições provinciais de Buenos Aires desencadeou uma reação negativa imediata nos mercados financeiros. O índice Merval sofreu forte queda, os títulos argentinos recuaram e o peso patinou em território negativo, à medida que investidores reavaliaram o grau de confiança nos próximos passos da administração.

O impacto imediato nos ativos

  • Ações: O índice Merval registrou perdas expressivas — cerca de 20% até o momento — impulsionado pela incerteza política e pela deterioração da confiança no governo.

  • Câmbio: O peso argentino sofreu significativa desvalorização, pressionado por incertezas eleitorais e instabilidade institucional. Intervenções pontuais promoveram apenas alívio parcial.

  • Títulos argentinos: Os papéis internacionais, com vencimentos de longo prazo, caíram a níveis mínimos em meses, enquanto o prêmio de risco do país se ampliou.

Eleições na província de Buenos Aires como teste de fogo

A derrota em Buenos Aires, a província mais populosa e influente do país — responsável por cerca de 40% do eleitorado nacional — representa um revés simbólico e estratégico para Milei. A vitória da coligação peronista sinaliza descontentamento crescente e aciona uma reverberação que pode impactar o plano legislativo e reformista do presidente nas próximas eleições de outubro.

Morgan Stanley e outros analistas destacam que um resultado moderado da oposição ainda poderia acionado um rali de alívio nos ativos argentinos, especialmente ADRs listados nos EUA, como Galicia e Macro. Porém, para isso, Milei precisará acumular capital político suficiente nas eleições de outubro.

Fatores agravantes: escândalo e perda de apoio

Além do baque eleitoral, Milei enfrenta um escândalo de corrupção envolvendo sua irmã e membros da equipe. As gravações e investigações geraram uma queda acentuada em sua aprovação popular, agora estimada em aproximadamente 39%, o que aumenta a desconfiança do mercado.

Esse conjunto de desafios tem elevado o custo de financiamento para o Estado e intensificado o estresse cambial. A persistente queda nas reservas do Banco Central limita o espaço do governo para estímulos ou medidas eleitoreiras.Reuters+1El País

O que esperar nos próximos dias e semanas

  • Continuidade da volatilidade: Com a aproximação das eleições legislativas, analistas projetam que os mercados continuarão sensíveis, com risco de novas quedas nos ativos se não houver sinalização clara de estabilidade política.Reuters+1MarketWatch

  • Oportunidades de recuperação abrupta: Em caso de resultados favoráveis, especialmente liderados por Milei, o cenário pode desenhar um rali significativo, impulsionando ativos de risco argentinos.

  • Política monetária: escolhas delicadas: O governo pode ser pressionado a adotar intervenções cambiais ou ajustes nas taxas de juros para conter a desvalorização da moeda — mas isso dependerá da força política que conseguir sustentar.

Conclusão

Para o RichDaily, a mensagem é clara: os investidores devem permanecer vigilantes. A combinação entre instabilidade política, escândalos internos e deterioração econômica cria um ambiente de alto risco e sensibilidade a cada nova etapa do processo eleitoral. Se Milei recuperar fôlego político, ativos de risco poderão se recuperar rapidamente — mas a situação exige monitoramento constante e prudência.